sexta-feira, 10 de maio de 2013

Pra sempre


Como tudo que acontece com a gente, não foi como eu esperava. Mas era o dia e o momento, desta vez eu não podia deixar passar. Esperei sua catarse e disse dessa vez precisa, adulta, um pouco insegura sim (será que mudei muito, que envelheci?), mas disse... Tudo que sou que fui todos esses anos, que acredito que esteja predestinada talvez...

Você me diz que vá, mas seus olhos me dizem pra que eu fique! Aqueles... Lá na escuridão nossa, silenciosa... Onde ainda algo é igual antes, quando você ainda não suporta me ver chorar.

Gosto de ver como os anos passam pra você, e a maneira como tenta esconder o quanto é humano. A forma como sorri e como se lembra de detalhes que eu tento tanto esquecer!

Foi tudo louco sim, mas foi "a mentira mais séria, brincadeira mais séria que me aconteceu". Foi a história que tive e não devo ter vergonha, não tenho, não quero... Entranha em mim como seu cheiro e sua voz debochada, debocha de mim, ou talvez não fiz o suficiente para que acreditasse mesmo, até então!

Agora sabes que sou a sombra do que conheceu um dia. A tentar viver personagens que a vida me oferece, pra me recriar e não ser só você. Choro com som porque dói chorar pelo que devera ter sido, é desesperador. É ocupar um tempo e esperar sabe Deus o que... Impedir-se de sonhar, calar o sorriso na solidão que é corriqueira em mim...

Depois eu levanto, com muito esforço... E sigo. Mas te levo em mim inteira, ainda que definhando, te levo porque é minha vida.

domingo, 5 de maio de 2013

Da Gavetinha:

Contranarciso

em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

Leminski... Só podia!